A primeira cartografa a impotência do desejo.
A perda de intensidade do desejo (paixões tristes) e a separação da sua potência ou capacidade de agir e criar (buraco subjetivo).
A segunda zona de passagem cartografa o desejo de poder do impotente. É a falsa saída do buraco. É a falsa elevação do desejo decaído, ilusão finalista (falsas alegrias). Quando o desejo tornado intencional cobiça e reproduz o poder (multiplicação das paixões tristes pelo significante dominante).
A terceira zona de passagem é a da construção das condições do encontro entre potências ou forças desejantes - sem a mediação das representações sensível, passional e racional. Acesso às condições dos devires ativos do desejo, sua zona imediata de passagem, de um ser do devir como superfície lisa ou plano comum das misturas, da coexistência de forças diferenciais e dos encontros produtores do real e do novo.
Essa terceira zona de passagem também é a da retomada da condição de todo encontro real entre forças ou potências desejantes. É a zona do próprio ser da passagem como horizonte imediato e absoluto de todo e qualquer ser existente. É a pele do tempo presente no acontecimento que se desdobra em dois sentidos ao mesmo tempo, como já passado e ainda por vir, dupla fronteira (do nascimento e da morte) que envolve um puro presente sem espessura (a ser preenchido como duração) como plano de corte entre um passado e um futuro. É o encontro do desejo sem buraco ou falta - como pura potência de acontecer - com a superfície lisa das relações, sem muro opaco nem significante dominante - como puro princípio atual de diferenciação da potência - sem a mediação de qualquer ordem ou tipo de estratificação semiótica incorporal ou corporal orgânica no plano dos acontecimentos acontecidos, já vividos, que se retro-projetam como possível já dado.)
A quarta zona de passagem é a da potência que se torna criadora de diferença na existência, criadora de valor ou de real.
Ela acontece quando o que somos de direito - potência de criar real, torna-se potência de fato e em ato. É quanto o ato da potência é retomado em seu campo de imanência criando tanto a si, como as razões de composição e de sociabilidade e novos mundos. É a conquista da autonomia e liberdade como potência de agir e criar o real.
(É a potência que se diferencia por um ato imanente do seu desejo no encontro com o fora ou ser de passagem que está por vir como memória de futuro. É a potência em ato de criar a diferença e afirmar um circuito virtuoso de um devir ativo das potências de um desejo auto-sustentável.)
Essas quatro grandes passagens são traçadas nas 40 aulas gravadas dedicadas a formação em esquizoanálise.
Além dessas aulas, o participante tem um rico material de estudo e pesquisa oferecido em forma de 2 cursos bônus: 'Capitalismo e Esquizofrenia', uma introdução aos conceitos fundamentais pressupostos pela esquizoanálise, e ao curso 'Micropolítica e o uso dos Afetos', um desdobramento de temas fundamentais do segundo volume da obra Capitalismo e Esquizofrenia, o Mil Platôs.